segunda-feira, 16 de agosto de 2010

o instante...

Há instantes por que passamos na vida que marcam-nos de forma singular. Instantes que mediam experiências efêmeras... Mas o fazem emprestando sentido eterno. Instantes cuja visitação nos seja tão cara e, ainda assim, contentam-se em ser tão breves. Teimam em ir rápido deixando-nos com tão pouco para compreendê-los. Abandonam-nos! Assim mesmo... Sem rastros. É como se deliberadamente dificultasse-nos o caminho ao seu encontro. Tão peculiares e singulares são a ponto de não permitir-nos verbalizá-los, comunicá-los; a não ser pela marca da paixão instilada na existência do que - então - discerni-se existindo.

domingo, 15 de agosto de 2010

Imensidão vazia, azul.

Era domingo, e uma tarde preguiçosa arrastava-se em meio a um "mar de banzo". No alpendre da casa de um tio, ía no mesmo embalo, embalado por uma rede velha e pelo ranger preguiçoso de seus armadores. Espiava por sob a calha, nuvens brancas - flocos de algodão “Johnson & Johnson”. E íam espaçando-se ao sabor dos ventos pela imensidão vazia, azul.


É, já faz algum tempo que estes flocos impressionavam-me o toque por sua leveza e brancura. Tempo ido cuja infância nos tornava em seres fantásticos, capazes de ver coelhos correndo pelo céu e maçãs que insistiam em não cair - Newton, nem o haviam inventado! Surpreendeu-me a lembrança ao trazer-me à consciência a facilidade com que, então, víamos vida em tudo! Em todos os lugares, sem qualquer pudor, ela vicejava. Até para o vazio encontrávamos adjetivos!

"[...] se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus."
Mt. 18:3

Pena que hoje, para muitos de nós, homens e mulheres "adultos e informados", este tempo seja apenas um passado fantasioso e superado.

Não, as nuvens não são apenas vapores d'água condensados. Eu já as vi e toquei! E fiquem certos, não estou com a razão.

domingo, 8 de agosto de 2010

Outro tipo de reivindicação...

"... se não há uma reivindicação legal, há, todavia, uma reivindicação humana, natural! A que é dada pelo bom senso e pela voz da consciência."

Ippolít, personagem do livro O Idiota de Dostoiévski.

A era do terceiro ginete.

"Estamos vivendo na era do terceiro ginete, o ginete negro, e do cavaleiro que trás na mão uma balança, já que na presente era tudo é pesado nos pratos da balança, ajustado por contratos, toda gente outra coisa não fazendo senão pensar nos seus direitos... 'Uma medida de trigo por um dinheiro e três medidas de cevada por um dinheiro'. Também pensam em deixar o espírito livre, o coração puro e o corpo incólume e todas as subsequentes dádivas de Deus. Ora, claro está que se eles se fundamentam apenas no direito não farão jus a tais dádivas, razão pela qual sobrevirá o ginete amarelo e aquele cujo nome é Morte."

Liébediev, personagem do livro O Idiota de Dostoiévski.