quinta-feira, 7 de julho de 2016

terça-feira, 7 de junho de 2016

quarta-feira, 18 de maio de 2016

... a bailarina

"Incorpórea, a claridade da manhã dança. Quem não terá visto na claridade da manhã, na dança perfeita que é a metamorfose, uma pluralidade de figuras que, desenhadas e desdenhadas, não se corporizam, transformando-se infatigavelmente? Nascem e desfazem-se, enlaçam-se e retiram-se; escondem-se para reaparecer como faz o homem a jogar quando é criança, ou quando joga com esses jogos em que a infância se eterniza."
María Zambrano, O Homem e o Divino
*(da série 'No Ver- do Olhar')

terça-feira, 10 de maio de 2016

... está escuro

"... está escuro, diz Elvira, acenda o texto, respondo-lhe"
Maria Gabriela Llansol, 'Onde vais, drama-poesia?'
*(da série 'No Ver- do Olhar')

... humanidade costumada

"Soam — devem ser oito as que não conto — badaladas de horas de sino ou relógio grande. Acordo de mim pela banalidade de haver horas, clausura que a vida social impõe à continuidade do tempo fronteira no abstrato, limite no desconhecido. Acordo de mim e, olhando para tudo, agora já cheio de vida e de humanidade costumada, vejo que a névoa que saiu de todo do céu, salvo o que no azul ainda paira de ainda não bem azul, me entrou verdadeiramente para a alma, e ao mesmo tempo entrou para a parte de dentro de todas as coisas, que é por onde elas têm contato com a minha alma. Perdi a visão do que via. Ceguei com vista. Sinto já com a banalidade do conhecimento. Isto agora não é já a Realidade: é simplesmente a Vida."
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego.
*(da série 'No Ver- do Olhar')

quarta-feira, 23 de março de 2016

sozinho

"Estirou os olhos pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto de penas, de aves que iam comê-lo."
Graciliano Ramos, Vidas Secas.
*(da série 'No Ver- do Olhar')

terça-feira, 15 de março de 2016

... cegos.

"... Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem."
José Saramago, em Ensaio sobre a cegueira.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

no ver-só do olhar ...

A experiência de ser-no-mundo é a experiência, antes de tudo, da linguagem … este é o modo dele vir a ser ao ser, linguagem. Conhecê-lo é ter em si, e para si, no modo próprio de cada ser-no-mundo, seus signos e o relevo semântico de suas articulações. Mais, o ter em si, aqui, é necessária contra-parte do dar. É na troca, no compartilhamento entre mundo e ser-no-mundo, que surge a fala. Talvez ... esta fala. Fala disso mesmo. E é disso que tratam essas imagens capturadas, ou antes projetadas pela alma de quem nelas vê. Esforçar-se por olhar e ver, e atentar para o que no verso do olhar o mundo gestou e, na experiência do ver-, fruir o modo do despertar ... da fala.

*(da série 'No Ver- do Olhar')