sexta-feira, 12 de julho de 2024

embotamentos ...

falar "genial!" a respeito de Beethoven, para mim, parece pouco. digo do uso prosaico do termo. ao contrário, falo de um uso que aponta uma espécie de genialidade que não se afirma nas faculdades da racionalidade, não negando-as. a de um tipo como a que experimenta Srinivāsa Rāmānujan. a de um tipo que só se revela pela experiência despretensiosa, a que prescinde do escrutínio da razão. desconfio que o modo de vida que guia-se pelo império da razão empobrece ... e aí o entendimento de todo o resto turva. não somos só finitudes. cristãos chamam isso graça. hindus, iluminação. graça ou iluminação, suspeito, talvez seja só o modo com que se vive a vida, hindu ou cristão. talvez Beethoven só tenha nascido com defeito no "órgão" da sensibilidade. então, sem dicotomias, porque livre da pretensão, revelou o mais natural dos fenômenos sobrenaturais, a beleza. removidos os embotamentos.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

... foi tudo.

à mariana que, outro dia, à janela, passou. vendo-a, sonhei quieto. sorri discreto. foi tudo. é tudo. quis mais ...

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

... não é só seu

outras sãs consciências também te julgam. foi o que vi: se teus erros afetam outros, teus acertos também. nessa medida, perceba, seu trabalho não é só seu. siga ...

terça-feira, 25 de setembro de 2018

terça-feira, 7 de agosto de 2018

... dos s num se zomba!

ah ... tem cisma dos s, só pode. vive sozinha e mesmo amofinada insiste continuar. é desnaturada -- caprichosa mesmo a bandida. olhe, repare! faz a gente jurar de pé junto que da distante mais próximo num se pode ficar. e da ausente?! a infeliz arruma jeito de provar que mais presente não se pode estar. viu? e faz pouco. É, é uma danada! Newton, quer saber, vai-te tu e tuas leis para o inferno! dia desses ainda te mostro, bandida, que dos s num se pode zombar.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

de uma fufuquinha ..

sabe o que é uma fufuquinha? vou te contar. é aquela menininha do tipo que deixa caboclo desleriado, que amansa berro de cabra azogado. do tipo tão tãooo, q 'té dos risca-buxo arranca suspiro amolengado. só olhar. e se sorrir? se sorrir ... ih, faz cabra falar fino e pedir encabulado: com sua licença pedacinho de rapadura, tu me quer?

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

... é regra

Nos indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, 7 de julho de 2016

terça-feira, 7 de junho de 2016

quarta-feira, 18 de maio de 2016

... a bailarina

"Incorpórea, a claridade da manhã dança. Quem não terá visto na claridade da manhã, na dança perfeita que é a metamorfose, uma pluralidade de figuras que, desenhadas e desdenhadas, não se corporizam, transformando-se infatigavelmente? Nascem e desfazem-se, enlaçam-se e retiram-se; escondem-se para reaparecer como faz o homem a jogar quando é criança, ou quando joga com esses jogos em que a infância se eterniza."
María Zambrano, O Homem e o Divino
*(da série 'No Ver- do Olhar')

terça-feira, 10 de maio de 2016

... está escuro

"... está escuro, diz Elvira, acenda o texto, respondo-lhe"
Maria Gabriela Llansol, 'Onde vais, drama-poesia?'
*(da série 'No Ver- do Olhar')

... humanidade costumada

"Soam — devem ser oito as que não conto — badaladas de horas de sino ou relógio grande. Acordo de mim pela banalidade de haver horas, clausura que a vida social impõe à continuidade do tempo fronteira no abstrato, limite no desconhecido. Acordo de mim e, olhando para tudo, agora já cheio de vida e de humanidade costumada, vejo que a névoa que saiu de todo do céu, salvo o que no azul ainda paira de ainda não bem azul, me entrou verdadeiramente para a alma, e ao mesmo tempo entrou para a parte de dentro de todas as coisas, que é por onde elas têm contato com a minha alma. Perdi a visão do que via. Ceguei com vista. Sinto já com a banalidade do conhecimento. Isto agora não é já a Realidade: é simplesmente a Vida."
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego.
*(da série 'No Ver- do Olhar')

quarta-feira, 23 de março de 2016

sozinho

"Estirou os olhos pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto de penas, de aves que iam comê-lo."
Graciliano Ramos, Vidas Secas.
*(da série 'No Ver- do Olhar')

terça-feira, 15 de março de 2016

... cegos.

"... Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem."
José Saramago, em Ensaio sobre a cegueira.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

no ver-só do olhar ...

A experiência de ser-no-mundo é a experiência, antes de tudo, da linguagem … este é o modo dele vir a ser ao ser, linguagem. Conhecê-lo é ter em si, e para si, no modo próprio de cada ser-no-mundo, seus signos e o relevo semântico de suas articulações. Mais, o ter em si, aqui, é necessária contra-parte do dar. É na troca, no compartilhamento entre mundo e ser-no-mundo, que surge a fala. Talvez ... esta fala. Fala disso mesmo. E é disso que tratam essas imagens capturadas, ou antes projetadas pela alma de quem nelas vê. Esforçar-se por olhar e ver, e atentar para o que no verso do olhar o mundo gestou e, na experiência do ver-, fruir o modo do despertar ... da fala.

*(da série 'No Ver- do Olhar')

terça-feira, 8 de outubro de 2013

... faz-me ouvir

Ensina-me o que desejando ignoro. Mostra-me o que escapa à vista, ainda que olhe. Faz-me ouvir a nota que ouço faltar! O tempo passa, apressadamente passa. O agora, já foi... passou! E o que ele disse para o momento seguinte transcende o que temporalmente se conta? Neste ritmo até o futuro é passado! O que vem, já foi! O que há de novo debaixo do sol?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

... tornou ao espírito

Como era que sinhá Vitória tinha dito? A frase dela tornou ao espírito de Fabiano e logo a significação apareceu. [...] Matutando, a gente via que era assim, mas sinhá Vitória largava tiradas embaraçosas. Agora Fabiano percebia o que ela queria dizer. Esqueceu a infelicidade próxima, riu-se encantado
Graciliano Ramos, Vidas Secas.
*(da série 'No Ver- do Olhar')

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

... encontro.

quanto a mim, em especial, guardo a palavra encontro. deve ser empregada como um substantivo masculino, ou uma locução verbal. bem, é o que diz Aurélio. a mim, contudo, diz mais. bem mais. diz: encontro! en ... associação, envolvimento. implicação! con sugere reunião, com! outro. tro ... trava. freia, devagar. Encontro! não, é feminina. é bela, ela. ela ...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

... apesar

"A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que você é, ou melhor, apesar daquilo que você é."
Victor Hugo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

tem ser!

"O maior apetite do homem é desejar ser. Se os olhos vêem com amor o que não é, tem ser."

Manoel de Barros.

terça-feira, 19 de junho de 2012

... o que me sinto sendo.

"Tão abstrata é a idéia do teu ser
  Que me vem de te olhar, que, ao entreter
  Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
  E nada fica em meu olhar, e dista
  Teu corpo do meu ver tão longemente,
  E a idéia do teu ser fica tão rente
  Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
  Sabendo que tu és, que, só por ter-me
  Consciente de ti, nem a mim sinto.
  E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
  A ilusão da sensação, e sonho,
  Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
  Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
  Do interior crepúsculo tristonho
  Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
"
Alberto Caiero.

terça-feira, 12 de junho de 2012

.. só por ti.

esse olhar que em mim olha, para além do que vejo vê. vê e propõe, em mim, o que por mim, só por mim, não poderia ver. será que são outros assim? sim. será que outros assim separam-se de ti apenas para verem-se unidos a ti? a mim, não me importa! outrossim, convencido, importa sim apenas a alegria de então ver-me a mim, enfim, unido a ti. só por ti.

terça-feira, 27 de março de 2012

... but to find it!

To the deserts go prophets and hermits. Through the deserts go pilgrims and exiles. There the leaders of the great religions have sought the spiritual values of retreat. Not to scape reality, but to find it.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Imagine

I'm happy today! I wish sing Imagine with you... let's together!
     ...
   You may say,
   I'm a dreamer
   But I'm not the only one
   I hope some day
   You'll join us
   And the world will live as one

quinta-feira, 15 de março de 2012

... te escreverei

e os dedos coçavam para falar. então pensei, por que não? talvez, porque se silenciar, o silêncio será o que, em mim, por ti conhecerei. talvez, porque se me intimido, intimidade alguma de ti receberei. talvez, porque o caminho que conduz ao coração alheio passe, antes, pelo caminho de meu próprio coração. revelar-me, expor o que vai na alma não é tarefa das mais fáceis. não, escreverei.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

... é amar.

... Entre aqueles que se amam estar certo não é o que mais importa. Estou certo, agora, de que aí o que mais importa é amar.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

não há linguagem, nem palavras

"Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo."

Salmos, 19 : 2 a 4a.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Olhai melhor!

"De modo que eu talvez seja ainda mais 'vivo' que vós. Olhai melhor! Nem mesmo sabemos onde habita agora o que é Vivo, o que Ele é, como se chama. Deixai-nos sozinhos, sem um livro, e imediatamente ficaremos confusos, perder-nos-emos; não saberemos a quem aderir, a que nos atermos, o que amar e o que odiar, o que respeitar e o que desprezar. Para nós é pesado até ser gente, gente com corpo e sangue autênticos, próprios; temos vergonha disso, consideramos tal fato um opróbrio e procuramos ser uns homens gerais que nunca existiram. Somos natimortos, e há muito que já não nascemos de pais vivos, e isso nos agrada cada vez mais. Em breve, inventaremos algum modo de nascer de uma idéia."

Fiodor Dostoiévski, em Memórias do Subsolo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A ambiguidade

Há momentos em que a alma deseja rebelar-se contra a ambiguidade que há na vida, desejando mesmo suprimí-la! Não, não é possível. É inerente à existência. Mais do que isso, é condição que enseja a redenção.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Amazing Grace

Amazing grace, how sweet the sound
That sav’d a wretch like me!
I once was lost, but now am found,
Was blind, but now I see.

’Twas grace that taught my heart to fear,
And grace my fears reliev’d;
How precious did that grace appear,
The hour I first believ’d!

Thro’ many dangers, toils and snares,
I have already come;
’Tis grace has brought me safe thus far,
And grace will lead me home.

The Lord has promis’d good to me,
His word my hope secures;
He will my shield and portion be,
As long as life endures.

Yes, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease;
I shall possess, within the veil,
A life of joy and peace.

A life of joy and peace.
The sun forbear to shine;
But God, who call’d me here below,
Will be forever mine.

John New­ton, Ol­ney Hymns (Lon­don: W. Ol­i­ver, 1779)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Paroxismos na alma...

Ah a saudade... Sem constrangimento invade-me a alma e faz toda lógica evaporar. Vejam só: sofro por tal espécie de ausência que nada mais é do que o ocupar-me com a mais fiel presença. Padeço tal espécie de perda que só me faz acrescentar! E a distância? Não passa de motivo para ainda mais aproximar. Sem lógica...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

mais, duas vezes mais

quem vos incitou a vos revolver assim? quereis acaso ser contado entre os miseráveis? se não vos basta o que vedes do lado de lá, tão pouco o que do lado de cá vereis vos bastará. incontinentes! certamente vosso quinhão será sim, saber mais, duas vezes mais! e se com isso vos gloriais a vós, selais assim ainda pior desgraça.

sábado, 8 de outubro de 2011

One Safe Place

How many roads you've traveled
How many dreams you've chased
Across sand and sky and gravel
Looking for one safe place

Will you make a smoother landing
When you break your fall from grace
Into the arms of understanding
Looking for one safe place

Oh, life is trial by fire
And love's the sweetest taste
And I pray it lifts us higher
To one safe place

How many roads we've traveled
How many dreams we've chased
Across sand and sky and gravel
Looking for one safe place

Marc Cohn

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Angústia

"Quando a realidade me entra pelos olhos, o meu pequeno mundo desaba."

Luís da Silva, personagem do livro Angústia de Graciliano Ramos.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Negaram o gato! ehehhehehh

"Os modernos mestres da ciência, bem como os antigos mestres de religião, advogam a necessidade de se começar toda e qualquer investigação por um fato positivo. Eles começavam pelo pecado – fato esse tão positivo quanto as batatas. Quer o homem pudesse ou não ser banhado em águas miraculosas, não havia dúvida de que, de qualquer forma, essa ablução era necessária. No entanto, certos líderes religiosos em Londres, não meros materialistas, começaram atualmente a negar, não tanto a muito discutível água, mas a indiscutível sujeira. Alguns dos novos teólogos discutem o pecado original, que é a única parte da teologia cristã que pode ser realmente provada. Certos seguidores do Rev. R. J. Campbell, na sua quase excessiva e fastidiosa espiritualidade, admitem a pureza divina, que não pode ser vista nem mesmo em sonhos, mas negam essencialmente o pecado humano, que pode ser visto a toda hora nas ruas. Os maiores santos, assim como os céticos mais arraigados, tomavam, igualmente, o mal positivo como ponto de partida para a sua argumentação. Se é verdade (como de fato é) que um homem pode sentir uma estranha felicidade ao esfolar um gato, então o filósofo religioso pode fazer apenas uma dessas duas deduções: ou deve negar a existência de Deus, como fazem todos os ateus, ou deve negar a presente união entre Deus e esse homem, como todos os cristãos fazem. Os novos teólogos, no entanto, julgam ter encontrado uma solução altamente racional: negar o gato."

G. K. Chesterton, em Ortodoxia.

sexta-feira, 25 de março de 2011

celebremos!

Diante dos dois únicos mandamentos que nos restaram, celebremos! Acabou a opressão de ter de justificar-se! "... então, conscientemente, o que quer que fosse; a única coisa que fazia era sentir. Em vez da dialética surgia a vida, e na sua consciência devia se elaborar algo totalmente distinto." (Dostoiévski, em Crime e Castigo).

A lei era sem forma e vazia. Contudo, a Fé deu-lhe forma e conteúdo. A terra não é a Verdade.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

como um fim em si mesmas

Viver uma vida orientada pelas virtudes como um fim em si mesmas é engano; certamente dos mais graves!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

simples em si mesmas

"as palavras são assim, disfarçam muito, vão se juntando uma com as outras, parece que não sabem onde querem ir, e de repente, por causa de duas ou três, ou quatro que de repente saem, simples em si mesmas, um pronome pessoal, um advérbio, um verbo, um adjectivo, e aí temos a comoção a subir irresistível à superfície da pele e dos olhos, a estalar a compostura dos sentimentos."

José Saramago, em Ensaio sobre a cegueira

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

a imposição da mudança.

"os sentimentos em uso eram os de quem via, portanto os cegos sentiam com os sentimentos alheios, não como cegos que eram, agora, sim, o que está a nascer são os autênticos sentimentos dos cegos."

José Saramago, em Ensaio sobre a cegueira.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

o instante...

Há instantes por que passamos na vida que marcam-nos de forma singular. Instantes que mediam experiências efêmeras... Mas o fazem emprestando sentido eterno. Instantes cuja visitação nos seja tão cara e, ainda assim, contentam-se em ser tão breves. Teimam em ir rápido deixando-nos com tão pouco para compreendê-los. Abandonam-nos! Assim mesmo... Sem rastros. É como se deliberadamente dificultasse-nos o caminho ao seu encontro. Tão peculiares e singulares são a ponto de não permitir-nos verbalizá-los, comunicá-los; a não ser pela marca da paixão instilada na existência do que - então - discerni-se existindo.

domingo, 15 de agosto de 2010

Imensidão vazia, azul.

Era domingo. Uma tarde preguiçosa arrastava-se em meio a um "mar de banzo". No alpendre da casa, ía no mesmo embalo, embalado por uma rede velha e pelo ranger preguiçoso dos armadores. Espiava por sob a calha, nuvens brancas - flocos de algodão “Johnson & Johnson”. E íam espaçando-se ao sabor dos ventos pela imensidão vazia, azul.


É, já faz algum tempo que estes flocos impressionavam-me o toque por sua leveza e brancura. Tempo ido cuja infância nos tornava em seres fantásticos, capazes de ver coelhos correndo pelo céu e maçãs que insistiam em não cair - Newton, nem o haviam inventado! Surpreendeu-me a lembrança ao trazer-me à consciência a facilidade com que, então, víamos vida em tudo! Em todos os lugares, sem qualquer pudor, ela vicejava. Até para o vazio haviam substantivos!

"[...] se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus."
Mt. 18:3

Pena que hoje, para muitos de nós, homens e mulheres "adultos e informados", este tempo seja apenas um passado fantasioso e superado.

Não, as nuvens não são apenas vapores d'água condensados. Eu já as vi e toquei! E fiquem certos, não estou com a razão.

domingo, 8 de agosto de 2010

Outro tipo de reivindicação...

"... se não há uma reivindicação legal, há, todavia, uma reivindicação humana, natural! A que é dada pelo bom senso e pela voz da consciência."

Ippolít, personagem do livro O Idiota de Dostoiévski.

A era do terceiro ginete.

"Estamos vivendo na era do terceiro ginete, o ginete negro, e do cavaleiro que trás na mão uma balança, já que na presente era tudo é pesado nos pratos da balança, ajustado por contratos, toda gente outra coisa não fazendo senão pensar nos seus direitos... 'Uma medida de trigo por um dinheiro e três medidas de cevada por um dinheiro'. Também pensam em deixar o espírito livre, o coração puro e o corpo incólume e todas as subsequentes dádivas de Deus. Ora, claro está que se eles se fundamentam apenas no direito não farão jus a tais dádivas, razão pela qual sobrevirá o ginete amarelo e aquele cujo nome é Morte."

Liébediev, personagem do livro O Idiota de Dostoiévski.

sábado, 31 de julho de 2010

Amigo é coisa pra se guardar...

Sempre bom escutar boa música e ainda melhor o é em belas vozes. Veja aí... Canção da América por Milton Nascimento.

sábado, 24 de julho de 2010

... Para sempre inata e incomunicável.

"Acrescentarei, todavia, que sempre no fundo de todo pensamento humano, de cada pensamento de gênio ou mesmo de cada pensamento que emerge do cérebro como altíssima centelha, alguma coisa há que não pode ser comunicada aos outros, mesmo que fossem preciso volumes e mais volumes a respeito e que se levasse mais de trinta e cinco anos a querer explicar; alguma coisa que não sai do cérebro, que não pode emergir, que aí fica para sempre inata e incomunicável. Morre-se com ela, sem poder participá-la a quem quer que seja. E todavia bem pode ser que essa seja a idéia mais importante entre todas."

Ippolít, personagem do livro O Idiota de Dostoiévski.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Absolutamente!

"Colombo morreu sem quase o haver visto direito [o novo mundo], e sem saber ao certo o que havia descoberto. É a vida que vale, que importa, a vida e nada mais, o processo, a maneira de descobrir, a tarefa perpétua e imorredoura. E não a descoberta em si, absolutamente."

Ippolít, personagem do livro O Idiota de Dostoiévski.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ensina-me a contar os dias


"E pouco a pouco cada dia foi se tornando mais precioso para mim, à medida que o dia ia passando e eu me dava conta disso direitinho.


Príncipe Míchkin, personagem do livro O Idiota de Dostoiévski.

domingo, 11 de julho de 2010

É como andar de bicicleta!

Ao aprendermos a andar de bicicleta o que mais perseguimos é o equilíbrio. Esforçamo-nos para não balançarmos, seguimos tensos, amedrontados, com toda a musculatura enrijecida, uma verdadeira batalha contra a menor possibilidade de oscilação. Nem para um lado, nem para outro, é o embate. Convencemo-nos de que agindo assim atingiremos a segurança do movimento, perfeito. Contudo, paremos ... O que garante esse tal movimento não é outra coisa se não a oscilação entre os lados?! Movimento, é inerente ao equilíbrio!

Dois tipos de homens

Penso mesmo que há apenas dois tipos de homens, os que são ignorantes e os que sabem que o são. Para mim, a verdadeira distinção está aí... saber-se ignorante.

sábado, 3 de julho de 2010

... E entrei.

O que aqui dentro há não é mais a razão do temor... Há algum tempo, abri a porta e entrei. Se antes ignorava, já não ignoro mais. Não dá! Verdade é que existir em ânsia de ser, nunca sendo, é inferno!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Primeira Lei de Newton


"Como lhe ocorreria a idéia de que vai caindo sem cessar, ele que não faz outra coisa se não seguir atrás de seu nariz?"


João Clímacus, em Migalhas Filosóficas de Søren Kierkegaard.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Cristianismo, perverção da Verdade!?

Em nome do cristianismo também tem sido dada vazão às mais perversas manifestações de virtude. Nossas mais terríveis compulsões conseguem fácil e sutilmente escamotear-se nas mais piedosas virtudes! Apresentam-se, na maioria das vezes, enredando-nos no mais perigoso dos enganos: o de acharmo-nos justificados por pensarmos falar 'em nome de Deus'!

"A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça."
Rm 1:18

Portanto, não vos escuseis, também vós, de tal julgamento!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Grosseira satisfação


"Não há no mundo coisa mais difícil do que a sinceridade e mais fácil do que a lisonja. Se à sinceridade se mistura a mais mínima nota falsa, surge imediatamente a dissonância e, atrás dela... o escândalo. Ao passo que a lisonja, ainda que seja falsa até à última nota, torna-se simpática e ouve-se com satisfação: com satisfação grosseira, sim, mas com satisfação."


Ivanovich Svidrigáilov, personagem do livro Crime e Castigo de Dostoiévski.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pôr-me-ei em busca!


"...eu o considero como um desses homens que prefeririam ser cortados em pedaços do que serem abatidos, e olhariam sorrindo para seus algozes, contanto que possuíssem uma fé qualquer ou acreditassem em Deus. Pois bem, encontre estas coisas e viverás!"


Porfíri Pietróvitch, personagem do livro Crime e Castigo de Dostoiévski.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Qual?


"...porque todo homem precisa ter um lugar para onde ir!"


Raskólhnikov, personagem do livro Crime e Castigo de Dostoiévski.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Pecabilidade entrou no mundo...

"Com o pecado original de Adão, o pecado entrou no mundo. Ainda que tal afirmação seja comum, traduz um juízo de certo modo superficial que muito ajudou para o nascimento de equívocos cheio de erros. Não há dúvida de que o pecado entrou no mundo, porém sob esta formulação o fato não é concernente especificamente a Adão. Para sermos estritos e corretos, antes deveremos afirmar que, com o pecado original de Adão, a pecabilidade entrou em Adão."

Søren Kierkegaard.

domingo, 6 de junho de 2010

Uma mentira vital

O homem está literalmente dividido em dois: tem consciência de sua esplêndida e ímpar situação de destaque na natureza, dotado de uma dominadora majestade e, no entanto, retorna ao interior da terra, uns sete palmos, para cega e mudamente apodrecer e desaparecer para sempre. Estar num dilema desses e conviver com ele é assustador. [...] têm razão, absoluta razão, aqueles que acham que uma plena compreensão da condição humana levaria o homem à loucura.”

A hostilidade contra a psicanálise, no passado, hoje e no futuro, será sempre uma hostilidade contra o reconhecimento de que o homem vive à custa de mentir para si mesmo sobre si mesmo e sobre o mundo, e de que o caráter [...] é uma mentira vital.”

Ernest Becker, em A Negação da Morte.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Crer sem dor...

Bendito
Louvados sejas Deus meu Senhor,
porque o meu coração está cortado a lâmina,
mas sorrio no espelho ao que,
à revelia de tudo, se promete.
Porque sou desgraçado
como um homem tangido para a forca,
mas me lembro de uma noite na roça,
o luar nos legumes e um grilo,
minha sombra na parede.
Louvado sejas, porque eu quero pecar
contra o afinal sítio aprazível dos mortos,
violar as tumbas com o arranhão das unhas,
mas vejo Tua cabeça pendida
e escuto o galo cantar
três vezes em meu socorro.
Louvado sejas porque a vida é horrível,
porque mais é o tempo que eu passo recolhendo despojos,
– velho ao fim da guerra como uma cabra –
mas limpo os olhos e o muco do meu nariz,
por um canteiro de grama.
Louvados sejas porque eu quero morrer,
mas tenho medo e insisto em esperar o prometido.
Uma vez, quando eu era menino, abri a porta de noite,
a horta estava branca de luar
e acreditei sem nenhum sofrimento.
Louvado sejas!

Adélia Prado

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Minha opnião?

Verdade, crendo que existe, deseje-a e a persiga com todas as tuas forças! Perspicácia, havendo, sirva-se dela para discernir as motivações da alma. Paixão, por ela serás arrebatado dos grilhões da ilusão da segurança. Conflito, não existe sem dor, e estranhamente o fará compreender quanta força pode haver nas fragilidades.

quinta-feira, 18 de março de 2010

No que tens esperança?

Trecho de um belo diálogo, extraído do filme Senhor dos Anéis, entre Sam e Frodo.

Sam: Eu sei. Está tudo errado. Por certo nós não deviamos nem estar aqui. Mas nós estamos. É como nas grandes histórias, Mr. Frodo. Aquelas que realmente importam. Elas são cheias de escuridão e perigo. E algumas vezes você não quer saber o final. Porque, como o final poderia ser feliz? Como poderia o mundo voltar ao jeito que era quando tanto mal aconteceu?
Mas o final é só uma coisa passageira, essa sombra. Até a escuridão deve passar. Um novo dia virá. E quando o sol brilhar, ele brilhará ainda mais claro. Essas são as histórias que ficam com você. Que significam alguma coisa, mesmo você sendo muito pequeno para entender porque. Mas eu acho, Mr. Frodo, que entendo porque. Agora eu entendo. As pessoas nessas histórias tiveram muitas chances de voltar, de desistir, mas não fizeram. Eles continuaram porque eles tinham esperança em alguma coisa.

Frodo: Nós temos esperança em que, Sam?

Sam: Existe bem nesse mundo, Mr. Frodo. E vale a pena lutar por ele.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O Verdadeiro Mistério

“Receber Deus como Juiz e Advogado” (minha impressão acerca da mente de Jó)

Quem é que questiona Deus se não aquele para o qual Ele faz diferença?

Seu mundo estava em cacos. Não havia mais nada que fizesse sentido. Quase tudo o que tinha e no que acreditava, ou já havia ruído, ou estava ruindo. Contudo, ainda restava-lhe uma coisa: sua consciência! E nela, finalmente, o desejo de alcançar a Verdade, de compreender o sentido de sua existência - humana.

Curioso que foi aí mesmo, em meio à agitação da alma, da dor, diante do desespero que a loucura fez-se sanidade, que a impossibilidade tornou-se possibilidade. Deus, juiz, revelou-se advogado. À alma que jazia à sombra da morte foi-lhe dado graciosamente conhecer o mistério da Verdade!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ato III, Cena VI


      "... Quem sofre sozinho esquece suas raízes,
           Não lembra mais fatos, nem tempos felizes.
           Quando a dor tem irmãos e a angútia amigos
           A alma nem sente inúmeros castigos
           A dor já não me dói, por não ser singular
           O mesmo que me curva faz o rei dobrar"

Edgar, personagem do livro Rei Lear, de William Shakespeare

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Indagação...


"Eu tenho muitas explicações, Lucano começou a pensar. Depois parou impressionado. Preciso sempre raciocinar? Pensou, de súbito. Preciso sempre afobar-me para explicar as coisas à luz da razão? Que me trouxe a razão, a não ser desgosto?"


Lucano, personagem do livro Médico de Homens e Almas de Taylor Caldwell

domingo, 23 de agosto de 2009

Society ... Can You do that?

There's those thinking, more-or-less, less is more
But if less is more, how you keeping score?

Means for every point you make, your level drops

Kinda like you're starting from the top

You can't do that...


Society, have mercy on me
Hope you're not angry if I disagree...

Society, crazy indeed

Hope you're not lonely without me...


Jerry Hannan

terça-feira, 23 de junho de 2009

Give me truth!


"Rather than love, than money, than fame, than fairness... give me truth."


Christopher McCandless parafrasenado Thoreau em A Natureza Selvagem

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Desconfie da lógica!


"O poeta apenas pede para pôr a cabeça nos céus. O lógico é o que procura pôr os céus dentro de sua cabeça. E é a cabeça que se estilhaça."


G. K. Chesterton, em Ortodoxia

segunda-feira, 16 de março de 2009

Tava enganado!

Será que esta forma de aprender, que este conteúdo... como experimentamos e nos é comunicado por meio da vivência no contexto social em que estamos inseridos (por meio das instituições de ensino, trabalho, e mesmo da família) é realmente a forma mais apropriada de conduzir-nos ao aprendizado? E, aprendizado do quê? Tenho refletido sobre este sistema (pelo menos o pelo qual passei e muitos hj ainda passam) e começo a achar que tudo está formatado de maneira a ser apenas mais uma expressão da forma neurótica que escolhemos para viver nossa época, tanto a nível individual quanto a coletivo! Talvez seja só isso mesmo: mais uma forma de manter a "boiada no caminho".

Após uma reflexão breve, sou levado a crer que tudo isso (a estrutura que sustenta esta forma de 'aprendizado') não passa de ilusão! Ainda mais se avaliarmos o processo como um todo. Se visualizarmos a partir de um ponto de vista mais panorâmico, via de regra, perceberemos que desde cedo somos conduzidos e induzidos a pensarmos a partir dos mesmos fundamentos de raciocínio daqueles que são nossos referenciais e não a partir de nossos próprios pontos de vista. Não só pensarmos mas, na maioria das vezes, reproduzí-los conscientemente ou não. Eis talvez a razão porque muitos não usam suas "próprias pernas" e por isso mesmo não trilham seus "próprios caminhos", e sim os de Outro-s! Estou certo de que esta é uma das mais fortes razões pelas quais facilmente assumimos como nossa a agenda alheia e, assim, inconscientemente abrimos mão de enfrentarmos nossas próprias "questões essenciais".

Não conseguimos ao menos discernir que questões são estas na maioria das vezes! Questões que nos façam enxegar a necessária singularidade de nossas (já dadas) respostas, que nos remeta à percepção de que elas necessitam ser respondidas em solidão! Eis, talvez, o momento em que a consciência discerne-se 'eu', vivendo em meio a tantos Outro-s.

Sem falar que estas estruturas tradicionais de aprendizado sobre as quais reflito, possuem muito mais habilidades para absorver nossas angústias, nossos medos do que nossas esperanças, nossas virtudes, nossas utopias! E com perspicácia... ao absorver, elas tem perpetuado/projetado este mal extrapolando o nível do indivíduo e atingindo o coletivo geração após geração.

Naturalmente, critico não só a forma mas, se não todo, parte do conteúdo a que nos submetem durante o processo. Isto porque será o conteúdo, naturalmente distorcido por esta forma de modo perceptivo, que determinará, como um vetor, a direção e o sentido do "progresso" do sistema. Assim, mais uma vez, estas distorções só se consolidarão e se amplificarão através das gerações que são submetidas a este modelo. E assim será enquanto não se admitir que Crise deve sim fazer parte do processo humano.

E, esticando o raciocínio mais do que deveria, este processo ocorre de forma obscura/sutil para a grande maioria dos atores da cena. Se isso é verdade, certamente, é a questão mais séria do problema. Pois é precisamente neste ponto que surgem os "tótens", os deuses, (o nome que você queira dar) ... as figuras absolutamente impessoais e extremamente poderosas em termos das capacidades que a elas foram atribuídas pelos próprios atores à quem (ironicamente) se subjugam. Eis aí a idolatria moderna. Seus ídolos não assumem formas esculpidas em pedra, antes, conformam corações de carne em pedra.